500 anos depois da sua produção, são pela primeira vez identificados sistematicamente paisagens, plantas e animais (170 de flora e 137 de fauna) em obras da Pintura portuguesa dos séculos XV e XVI – Gótico Final, Renascimento e Maneirismo –, sendo ainda descodificado o seu significado simbólico. A crescente importância da paisagem, das plantas e dos animais na Pintura renascentista marca uma nova era do conhecimento; a Arte espelha esse crescente interesse pelo mundo natural. Plantas, Animais e Paisagem. Da Iconografia à Iconologia na Pintura dos Séculos XV e XVI em Portugal é uma magna obra de Sónia Talhé Azambuja, arquiteta paisagista e historiadora da Arte, resultante de uma longa investigação, que reúne três áreas científicas distintas: História da Arte (Iconografia, Icononímica e Iconologia), História Natural (Botânica e Zoologia) e Arquitetura Paisagista (Paisagem). A autora avança com uma proposta de definição e classificação da paisagem em cinco tipologias: paisagem de símbolos, paisagem fantástica, paisagem ideal, paisagem dos factos e paisagem real. Estas tipologias proporcionam uma nova perspetiva sobre o papel da paisagem, tal como foi vista pelos pintores portugueses dos séculos XV-XVI, nomeadamente António de Holanda, Álvaro Pires, António Fernandes, Jorge Afonso, Vasco Fernandes, Gregório Lopes, Cristóvão de Figueiredo, Garcia Fernandes, Francisco Henriques, Mestre da Lourinhã, Frei Carlos, Diogo de Contreiras, Lourenço de Salzedo, Thomas Luis, Francisco de Campos, entre outros.
O livro, profusamente ilustrado, apresenta ainda um Roteiro com 100 pinturas (iluminura, fresco e pintura retabular) de museus e coleções nacionais, organizadas por regiões, nomeadamente o Museu Nacional de Arte Antiga, a Academia das Ciências de Lisboa, o Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa); o Museu Nacional Soares dos Reis (Porto); o Museu de Alberto Sampaio (Guimarães); o Museu Nacional Grão Vasco (Viseu); o Museu Nacional Machado de Castro (Coim-bra); o Museu de Évora – Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, as Casas Pintadas e o Paço de São Miguel, da Fundação Eugénio de Almeida (Évora), entre outros.